DIGITALIZAÇÃO E PROGRAMAÇÃO DO WEBSITE

Antonio Campos Monteiro Neto


O presente website disponibiliza o segundo acervo musical brasileiro integralmente na Internet. O primeiro foi o acervo do maestro Vespasiano Gregório dos Santos, atualmente em poder da Universidade do Estado de Minas Gerais.

Dupla satisfação nos causa trazer ao público um acervo de importante valor histórico, mantido em grande parte por tanto tempo inacessível (e que, de outra forma, ainda o seria), e utilizar para sua divulgação um veículo capaz de levá-lo instantaneamente a todos os recantos do planeta. Mesmo considerando somente os limites do território brasileiro, este já é um importante passo para que estas obras despertem o interesse de pesquisadores e músicos, e através destes, alcancem os ouvidos do público.

O presente projeto se apresenta como uma alternativa eficiente para democratizar o acesso aos manuscritos in natura, ao mesmo tempo em que os documentos originais são preservados. Serve também para eliminar a distância entre os pesquisadores e suas fontes primárias. Por fim, esperamos que possua efeito multiplicador, ensejando projetos colaterais, como edições modernas, apresentações ao vivo e gravações das obras aqui disponíveis. Esperamos também a replicação desta iniciativa em outros acervos musicais. Estamos certos de que somente a divulgação continuada deste repertório despertará o interesse do público, e conseqüentemente, recursos para financiar mais projetos também surgirão.

Abaixo fornecemos uma breve descrição das etapas de digitalização do acervo e programação deste website, bem como um relato das dificuldades que enfrentamos e nossas soluções para ultrapassá-las:


HIGIENIZAÇÃO
digitalizador, assistente de digitalização, estagiários

Após o levantamento do acervo, os manuscritos passaram por uma higienização simples, envolvendo a remoção da poeira e resíduos de inseticida. Em seguida foram preparados para a digitalização, incluindo a eliminação de dobras, clipes e grampos de metal existentes nas encadernações. Os armários também foram aspirados e limpos.

O material foi manuseado conforme os modernos padrões, utilizando-se luvas, aventais e máscaras, de modo a evitar que os manuscritos fossem danificados pela gordura e o suor das mãos, e a proteger os profissionais de possíveis microrganismos. Não foram encontrados insetos no material, como é freqüente em acervos documentais.


INSTALAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
coordenador

Dois microcomputadores, uma impressora, duas máquinas fotográficas digitais e acessórios diversos, como luminárias e tripés, foram instalados nas dependências do Cabido Metropolitano, na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro (Av. Chile, 285 - Centro).

Após a montagem dos acessórios, um documento selecionado foi fotografado, de modo a testar a adequação da iluminação e da resolução gráfica. Nossa preocupação era de que a iluminação fosse suficiente para evitar o uso do flash, pois este provoca reflexos a partir do papel, prejudicando a qualidade final do trabalho. Por esse motivo, e de forma a proteger os documentos dos danos causados pelo aumento de temperatura, foram utilizadas luminárias fluorescentes.


DIGITALIZAÇÃO
digitalizador,assistente de digitalização, estagiários

Manuscritos históricos são normalmente frágeis, e quanto menor sua manipulação, menor a chance de que sofram algum dano. Esta preocupação nos levou a optar pela fotografia digital, preferencialmente à digitalização com equipamentos do tipo scanner. Outra razão foi o tamanho desproporcional de alguns manuscritos (o maior deles tinha 70 cm x 90 cm) em relação à mesa digitalizadora da maioria destes equipamentos.

Não foi necessário utilizar um anteparo especial para o posicionamento dos manuscritos. A grande mesa de reunião do Cabido, perfeitamente horizontal, foi suficiente para acomodá-los, acrescentando-se uma folha de papel fillifold.

A partir do levantamento inicial, o trabalho de digitalização levou em conta o formato, dimensão, estado de conservação e tipo de papel de cada manuscrito ou impresso. Uma vez posicionado o documento no anteparo, a altura das câmeras foi regulada para que a foto cobrisse toda a página.

As fotografias digitais, inicialmente armazenadas nos cartões magnéticos das câmeras, periodicamente foram transferidas e guardadas no disco rígido dos computadores, com formato true-color (24 bits por ponto) e compressão JPEG, ocupando cerca de 2 megabytes cada.

Para a maior parte dos manuscritos, utilizou-se uma câmera para fotografar o recto das folhas e outra para o verso. Somente nos casos de encadernações digitalizamos com somente uma câmera, primeiro todos os rectos, depois os versos, com o devido cuidado para não romper a costura das folhas.


CÓPIA DE SEGURANÇA
assistente de tratamento da documentação
Todos os dias, após o término da digitalização, realizamos um backup das fotografias, utilizando um disco rígido externo aos computadores.

PROCESSAMENTO DAS FOTOGRAFIAS DIGITAIS
assistente de tratamento da documentação

O uso de luminárias fluorescentes provocou a perda parcial das cores originais, tornando necessário com que fossem ajustados os parâmetros de brilho, contraste e o balanço de cores. Além disso, ao início desta etapa, as fotografias digitais não tinham a identificação definitiva com que figuram neste website e futuramente no DVD-ROM, mas apenas um código alfanumérico seqüencial, automaticamente gerado pela câmera.

O processamento das imagens deu-se em quatro etapas:

Rotação. Para os manuscritos ou impressos que tinham o formato original retrato e sua fotografia apresentava-as como paisagem. Para esta etapa utilizamos o software conversor de imagens em lote ReaConverter Pro.

Eliminação das bordas e recuperação de cores. Utilizamos o Adobe Photoshop para corrigir a perda de cores causada pela iluminação fluorescente, e ajustando os parâmetros de brilho, contraste e o balanço de cores, restauramos seu aspecto original.

Atribuição de um novo nome identificador. Para identificar as imagens de forma unívoca, e eliminar o nome fornecido pela câmera, utilizamos o código abaixo:

<Arquivo>-<Fundo>-<Seção><Unidade Documental>-<Conjunto>-<Código da partitura, parte ou cartina>[.<Exemplar>]-<Fólio><Recto ou Verso>

Assim, a fotografia CMRJ-CRI-SM01-C01-S.2-001r representa uma imagem do Fundo Capela Real e Imperial, Seção Musical, unidade documental 01, conjunto 1, parte do soprano, exemplar 2, folha 1, recto. O código do exemplar é usado somente quando existe mais de uma cópia de uma parte num mesmo conjunto.


De acordo com a codificação acima, a foliação começa a partir das capas e folhas de guarda dos volumes encadernados, e portanto a numeração adotada não reflete a foliação ou paginação neles inscrita. Adotamos esta numeração virtual por facilitar a programação do website.

Para esta etapa utilizamos o software Flexible Renamer.

Adequação do tamanho à internet. Para figurar no website o tamanho das imagens em bytes foi reduzido para 25% do original, o que as tornou mais leves e seu download mais rápido. Novamente utilizamos o ReaConverter.

Abaixo a ilustração destas etapas do processamento:


(original)
DSC05993.JPG DSC05993.JPG DSC05993.JPG CMRJ-CRI-SM87-C01
-00-ptra.1-018v.JPG
CMRJ-CRI-SM87-C01
-00-ptra.1-018v.JPG

PROGRAMAÇÃO DO WEBSITE
programador

Este website foi programado inteiramente nas linguagens HTML e JavaScript. Optamos por não utilizar linguagens baseadas no servidor (ASP, PHP) porque o mesmo código será utilizado na apresentação do acervo nos DVD-ROM a serem lançados na segunda etapa deste Projeto.